quarta-feira, 22 de março de 2023

Dinheiro é para gastar ou para acumular?

Acabei de ler mais um post de um dos blogs que mais gosto no mundo FIRE: A habilidade de gastar

Já tive pensamentos e fases conflituosas nesse difícil equilibrio diário entre gastar e guardar.

Eu não sou FIRE ainda, ou seja, preciso trabalhar diariamente para pagar minhas contas. Em outras palavras, estou na fase da acumulação, mas quando cheguei a guardar por volta de 70 a 80% do meu salário comecei a sentir os efeitos negativos disso. Em 2019 cheguei a guardar 80% do salário e em 2020 guardei 78%

Estresse, ansiedade, aquele sentimento de avareza extrema, de que precisava ficar atento a cada centavinho. Minha qualidade de vida piorou. Era muita restrição. Qualquer coisinha que precisava comprar eu já enlouquecia. Parece que de propósito tudo passou a estragar e precisar de manutenção só para que eu gastasse dinheiro. Comecei a ficar incomodado com isso.

E vocês sabem, quando você quer ser muito FIRE qualquer gasto te dói, porque isso significa ter sua liberdade mais tarde na vida. 

Ao mesmo tempo que vivia essa fase, eu também era usuário do site Bastter. Lá ele fala muito que não adianta anotar bala juquinha, não adianta cortar cafezinho, não é isso que enriquece ou te deixa pobre. Isso contrastava com outra pessoa que também me influenciou que foi a Natália Arcuri com seu canal Me Poupe. A Arcuri enriqueceu basicamente falando sobre como ser muquirana ao extremo, mas aí está a pegadinha, ela enriqueceu falando isso para seus seguidores, ganhando dinheiro do YouTube, vendendo livros e cursos; ela não enriqueceu sendo pessoalmente muquirana.

Ao mesmo tempo, também, estava à época em contato constante com gente que repetia: "Dinheiro é pra gastar", "Se você não gastar, outro vai gastar por você" e coisas do gênero.

Não sei como, mas em algum momento ouvi falar do livro Die With Zero, e comecei a ler. Vou resumir a tese do livro: o ideal é morrer zerado de dinheiro, gastar tudo em vida, com qualquer coisa ou experiência que faça bem a você e a sua família.

O autor ao longo do texto dá exemplos de pessoas que juntaram muito e não aproveitaram nada. Como um senhor que vivia para trabalhar e juntar dinheiro, mas sua esposa morreu precocemente e ele se lamentou profundamente por não ter gasto mais com ela, em presentes, experiências e viagens. Agora ele tinha todo o dinheiro do mundo, mas não tinha a esposa para aproveitar com ele.

Na leitura lembrei do falecimento de um blogeiro antigo da finasfera: Viver de Construção. E ficava pensando o tempo inteiro: é isso, imagina viver nessa restrição danada para juntar um patrimônio e viver de renda um dia, mas ter um ataque cardíaco e morrer no meio do caminho, não tendo aproveitado nada aquilo que batalhei para juntar? E aí minha esposa ainda vai se casar com o Jorjão e gastar todo meu dinheiro sem mim.

A partir da leitura deste livro mudei a chave na minha cabeça e comecei a "aproveitar mais a jornada". Gastando mais. Dando qualidade de vida para mim e para minha família, mas calma aí, não virei um gastador. Continuei sendo um "habilidoso", na expressão da Aposentada aos Trinta. 

O que mudou é que agora não tenho mais como meta guardar 70-80% e sim 50%.

E como minha vida melhorou, meus amigos.. menos ansiedade em economizar, mais gastos em coisas que fazem bem pra mim e para minha família. Mas não são gastos que vejo como inúteis, são gastos como os citados pela Aposentada aos Trinte na parte do texto chamado "Mestre na habilidade". São gastos que fazem parte de uma boa vida, bem vivida e aproveitada. Que tipo? Principalmente gastos em saúde, comida de qualidade, esportes e experiências com a família.

Em outras palavras, se você ama fazer algo e isso faz um bem enorme pra sua vida, então não recomendo que espere até ser FIRE para fazer isso no seu dia a dia. Caso você já economize um bom dinheiro, faça agora, não deixe pra depois. Se é realmente importante pra você e te dá qualidade de vida, então vale a pena ter isso em sua rotina, mesmo que você economize um pouco a menos e postergue o FIRE em alguns anos.

Não corra o risco de esperar ter um ataque cardiáco ou morrer do nada para fazer as coisas que te dão qualidade de vida hoje.

Abraços,


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